Um estudo publicado na revista Science em 14 de março de 2025 revelou que o ácido linoleico — uma gordura ômega-6 presente em óleos vegetais amplamente consumidos no Brasil, como os de soja e cártamo — pode estimular o crescimento de tumores de mama do tipo triplo negativo, considerado um dos mais agressivos e difíceis de tratar.
Como o ácido linoleico influencia o câncer
Pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, descobriram que o ácido linoleico ativa uma via de crescimento celular conhecida como mTORC1, essencial para a proliferação de células tumorais. Esse efeito foi observado especificamente em tumores triplo negativos, devido à presença elevada da proteína FABP5, que atua como uma “ponte” entre o ácido linoleico e a ativação da mTORC1.
Em experimentos com camundongos, dietas ricas em ácido linoleico resultaram em níveis mais altos de FABP5, maior atividade da mTORC1 e crescimento acelerado dos tumores.
O que é o câncer de mama triplo negativo?
O câncer de mama triplo negativo representa cerca de 15% a 20% dos casos de câncer de mama e é caracterizado pela ausência de receptores de estrogênio, progesterona e HER2. Essa ausência torna o tratamento mais desafiador, pois limita as opções terapêuticas a quimioterapia e radioterapia. Além disso, esse tipo de câncer tende a afetar mulheres mais jovens e tem maior probabilidade de recorrência nos primeiros anos após o diagnóstico.
Implicações para a dieta
Embora o ácido linoleico seja essencial para o organismo, seu consumo excessivo, especialmente em dietas ricas em óleos vegetais processados, pode ser prejudicial. Especialistas recomendam equilibrar a ingestão de ômega-6 com ômega-3, encontrado em alimentos como peixes, sementes de linhaça e nozes, que possuem propriedades anti-inflamatórias e podem oferecer proteção contra o câncer.
Próximos passos da pesquisa
Os pesquisadores planejam investigar se a modulação da dieta pode influenciar o crescimento de tumores triplo negativos em humanos. Além disso, estão explorando a possibilidade de desenvolver terapias que inibam a ação da FABP5 ou da mTORC1, visando oferecer novas opções de tratamento para pacientes com esse tipo de câncer.
Este estudo destaca a importância de uma alimentação equilibrada e consciente, especialmente para indivíduos com risco aumentado de câncer de mama.