O conflito entre Irã e Israel ganhou novos capítulos de tensão na noite desta segunda-feira (23/06) e na madrugada desta terça (24/06, no horário local), mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado um suposto acordo de cessar-fogo entre as partes.
O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, desmentiu publicamente a existência de qualquer trégua formal. Segundo ele, o Irã está disposto a cessar os ataques caso Israel interrompa suas investidas militares, mas reforçou que não há qualquer acordo fechado até o momento.
“Até o momento, não há acordo sobre qualquer cessar-fogo ou interrupção das ações militares”, escreveu Araghchi nas redes sociais.
Novos bombardeios em Teerã
Poucas horas após a negativa do chanceler, Tel Aviv ordenou novos bombardeios contra áreas da capital iraniana, Teerã. De acordo com fontes locais, explosões foram registradas em bairros centrais, após o governo israelense emitir ordens de retirada de civis — uma estratégia semelhante à usada por Israel em conflitos anteriores na Faixa de Gaza, descrita pelo Irã como “terrorismo psicológico”.
As Forças Armadas de Israel afirmaram que os ataques miraram infraestruturas militares estratégicas do regime iraniano, enquanto o governo de Teerã reforçou que está avaliando novas respostas militares.
O suposto acordo de trégua anunciado por Trump
A tentativa de trégua foi anunciada por Trump no fim da noite de segunda (horário de Brasília). Segundo o presidente americano, o acordo previa um cessar-fogo unilateral de 12 horas por parte do Irã, seguido por uma suspensão das operações israelenses caso o prazo fosse respeitado.
Um funcionário da Casa Branca, ouvido pela agência Reuters sob anonimato, afirmou que o acordo foi resultado de conversas diretas entre Trump, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu e representantes iranianos, com mediação de integrantes do governo americano, como o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff.
Contexto político e reação interna nos EUA
O ataque ordenado por Trump no fim de semana, que atingiu instalações nucleares subterrâneas iranianas, gerou forte repercussão política dentro dos Estados Unidos. Parte da base republicana, sobretudo o segmento mais conservador, criticou a decisão de envolver o país em um novo conflito no Oriente Médio.
Segundo fontes da imprensa americana, o esforço para costurar um cessar-fogo seria uma tentativa da Casa Branca de reduzir a pressão interna e mostrar moderação, especialmente em ano eleitoral.
Cresce a tensão no Oriente Médio
O cenário, porém, segue incerto. Após os mísseis iranianos lançados contra uma base aérea americana, que felizmente não deixaram vítimas, e os novos bombardeios de Israel sobre Teerã, a possibilidade de uma escalada militar ainda maior preocupa analistas internacionais.
O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência para esta terça-feira (24), a fim de discutir os desdobramentos da crise.