Cerca de 50 manifestantes ligados à Frente Povo Sem Medo invadiram, na manhã desta quinta-feira (3), o saguão do Itaú BBA, no edifício localizado na Avenida Faria Lima, 3500, em São Paulo. O ato, que durou até aproximadamente 11h15, exigia a taxação de grandes fortunas e a isenção do imposto de renda para pessoas com renda de até R$ 5 mil.
O número de manifestantes é alvo de divergências: enquanto a Polícia Militar estimou cerca de 50 pessoas no local, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ligado à Frente Povo Sem Medo, fala em até 300 participantes.
Motivos do protesto
Com faixas que diziam “O povo não vai pagar a conta”, “Chega de mamata” e “Taxação dos super-ricos já!”, o grupo criticou a carga tributária que, segundo eles, penaliza mais os pobres e a classe média do que os detentores de grandes patrimônios.
O edifício foi escolhido de forma simbólica. O prédio foi adquirido pelo Itaú BBA por cerca de R$ 1,5 bilhão em janeiro de 2024, tornando-se um dos imóveis corporativos mais valiosos da região. “Os donos do Itaú pagam menos imposto que a maioria do povo que luta para pagar aluguel e comer”, disseram manifestantes durante o ato.
Pressão ao Congresso
A manifestação também teve como objetivo pressionar o Congresso Nacional a aprovar projetos que isente do imposto de renda pessoas que ganham até R$ 5 mil e que implemente a taxação de grandes fortunas.
Além disso, os organizadores anunciaram um novo ato para o próximo dia 10 de julho, na Avenida Paulista, em São Paulo, que contará com a participação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), um dos principais líderes do movimento.
Contexto do debate
A pauta da taxação dos super-ricos voltou ao centro das discussões políticas nos últimos anos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. No país, a discussão ganhou força após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar em diversas ocasiões que pretende aprofundar a reforma tributária e discutir mecanismos de tributação sobre patrimônio e altas rendas para melhorar a arrecadação sem penalizar a base da pirâmide social.
Segundo dados da Receita Federal, cerca de 1% dos brasileiros mais ricos concentram quase metade da renda declarada no Imposto de Renda, cenário que gera críticas por parte de movimentos sociais e partidos de esquerda, que veem a estrutura tributária como regressiva.
Até o momento, o Itaú não se pronunciou oficialmente sobre a ocupação, mas a segurança do edifício foi reforçada após o ato. Não houve registro de confronto ou depredações, e a manifestação foi considerada pacífica pela PM.