A Polícia Federal investiga a suposta atuação de um agente da própria corporação em um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante uma operação de busca e apreensão autorizada pela Justiça, a PF encontrou US$ 200 mil em espécie (equivalente a cerca de R$ 1,1 milhão) na residência do policial federal Philipe Roters Coutinho, que atua no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Segundo o inquérito, o agente foi flagrado por câmeras conduzindo dois investigados por fraudes previdenciárias em área restrita do terminal aéreo, em dezembro de 2024. Um dos acompanhados por Coutinho era Danilo Berndt Trento, empresário já citado na CPI da Pandemia por suposta participação em contratos fraudulentos com o Ministério da Saúde. O outro era Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS.

De acordo com a PF, a passagem aérea utilizada por Oliveira Filho no voo em questão foi paga por Trento com um cartão de crédito pessoal, reforçando a suspeita de proximidade entre os dois. O relatório ainda aponta que pessoas ligadas a Oliveira Filho teriam recebido R$ 11,9 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, um lobista que intermediava interesses privados dentro do órgão previdenciário.

Em nota, o advogado de Philipe Roters afirmou que seu cliente não tem qualquer envolvimento com o esquema e que a condução de Trento foi um favor pessoal, sem conhecimento de quem o acompanhava. Ele alegou também que o dinheiro encontrado em sua residência não tem relação com a investigação e que os esclarecimentos sobre sua origem serão prestados “no momento oportuno”.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal acompanham o caso, que segue sob sigilo. As investigações integram um desdobramento da Operação Fundo do Poço, que apura a captação ilegal de dados e descontos indevidos em benefícios previdenciários em todo o país.

O esquema envolve a vinculação forçada de aposentados e pensionistas a sindicatos e associações sem autorização, em sua maioria analfabetos, indígenas, doentes e moradores de áreas rurais, com descontos mensais sistemáticos aplicados diretamente nos benefícios.

A PF ainda não confirmou se outras prisões serão solicitadas. A expectativa é que novas fases da operação sejam deflagradas nas próximas semanas.

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