Durante as investigações sobre o esquema bilionário de descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas, a Polícia Federal (PF) encontrou indícios de pagamento de propina a ex-integrantes da alta cúpula do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As informações foram reveladas pelo portal G1 nesta terça-feira (7).

Anotações suspeitas foram localizadas em cadernos apreendidos na empresa de Antônio Carlos Camilo Antunes, lobista investigado e conhecido no meio político como “Careca do INSS”. Segundo fontes ligadas ao inquérito, os documentos registram percentuais de 5% ao lado de nomes como “Staf” e “Virgílio”, que estariam associados preliminarmente ao ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao ex-procurador-geral do órgão, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, atualmente afastado do cargo.

Indícios sob análise pericial

Embora os registros indiquem possível repasse de vantagens indevidas, a Polícia Federal ainda avalia a autenticidade das anotações e não confirmou se os ex-dirigentes efetivamente receberam valores. A perícia do material está sob consideração, e os documentos podem ser encaminhados ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) para identificação da caligrafia e análise de possíveis vínculos com os investigados.

A PF também pretende ouvir os citados nas próximas semanas. Estão previstos os depoimentos de Stefanutto, Virgílio e do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, este último na condição de testemunha, já que ocupava o comando da pasta quando parte do esquema teria ocorrido.

“Careca do INSS” e escândalo no centro do governo

Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, é apontado como uma peça central no esquema que desviava valores de beneficiários por meio de autorizações indevidas de descontos para associações e entidades de fachada — muitas delas ligadas a sindicatos ou a prestadores de serviços conveniados ao INSS.

A estimativa inicial da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que o rombo pode ultrapassar R$ 1 bilhão, atingindo milhões de beneficiários. Parte da estratégia era forjar consentimentos para a cobrança de mensalidades, seguros e empréstimos consignados.

Reações e defesa

A defesa de Antônio Carlos afirmou, por meio de nota à CNN Brasil, que “não comenta processos em curso”, mas negou que as acusações reflitam a realidade dos fatos. Até o momento, os representantes de Alessandro Stefanutto e Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho não se manifestaram publicamente.

O escândalo pressiona o governo federal, já que o Ministério da Previdência era comandado por nomes ligados ao PDT durante o período investigado. Nos bastidores de Brasília, o caso fortalece propostas em debate no Congresso que buscam responsabilizar diretamente partidos políticos por irregularidades cometidas por seus indicados — inclusive com o bloqueio de fundos partidário e eleitoral.

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