A Polícia Federal está investigando uma organização criminosa acusada de desviar aproximadamente R$ 2 bilhões entre 2020 e 2025, utilizando o aplicativo Caixa Tem — plataforma criada pela Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais como o Auxílio Emergencial durante a pandemia de Covid-19.
Segundo apuração publicada pela Folha de S. Paulo e confirmada pela Gazeta do Povo, o esquema envolvia o pagamento de propinas a funcionários da Caixa Econômica e de casas lotéricas para obter dados pessoais de beneficiários. Com essas informações em mãos, o grupo conseguia sacar de forma indevida os valores depositados nas contas dos programas sociais.
A Caixa Econômica Federal, em resposta preliminar, informou que colabora ativamente com as investigações e reforçou que monitora continuamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar atividades suspeitas.
De acordo com a investigação, o golpe consistia em acessar informações como CPFs e dados de contas vinculadas a programas sociais, ao FGTS e ao seguro-desemprego. Os criminosos utilizavam softwares capazes de emular celulares em computadores — chamados “emuladores” — para acessar simultaneamente centenas de contas no aplicativo Caixa Tem.
A fraude era estruturada em pequenos saques, em valores relativamente baixos, mas repetidos em larga escala, gerando prejuízos milionários ao sistema. Fontes próximas ao caso explicaram que essa estratégia dificultava a detecção dos desvios, uma vez que movimentações de baixo valor tendem a chamar menos atenção dos sistemas automáticos de fiscalização.
Além da atuação de servidores corruptos, a fragilidade na verificação de identidade durante a autenticação no Caixa Tem, especialmente no auge da pandemia, teria facilitado a ação dos criminosos.
O caso reforça a necessidade de investimentos em cibersegurança nos programas sociais e de revisão nos protocolos de autenticação para prevenir novas fraudes. Especialistas em segurança digital alertam que a prática de “emular” dispositivos móveis é comum entre fraudadores e defendem a implementação de múltiplas camadas de autenticação biométrica como medida de contenção.
As investigações seguem em andamento, e a Polícia Federal não descarta novas fases da operação para desmantelar totalmente a rede de envolvidos.