Um relatório da Polícia Federal que embasa inquérito sobre fraudes envolvendo consignações previdenciárias revela um esquema que atingiu populações vulneráveis, como indígenas, analfabetos, pessoas com deficiência e moradores de áreas rurais com dificuldade de locomoção. O documento mostra que esses cidadãos foram lesados com o desconto indevido de mensalidades associativas sem qualquer consentimento.

Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), das 21 entidades analisadas, 100% dos entrevistados negaram ter autorizado os descontos em folha. Em sete dessas entidades, o percentual de não autorização variou entre 71% e 99%. O relatório também aponta que muitos contribuintes foram vinculados a sindicatos e associações distantes de seus locais de residência, com trajetos que variam entre 34 km e até 957 km, o que reforça a improbabilidade de qualquer vínculo real com essas organizações.

As vítimas do esquema são, em sua maioria, pessoas que enfrentam grandes obstáculos de acesso a serviços públicos, como moradores da zona rural sem facilidade de transporte até agências da Previdência Social. Entre os atingidos estão também indivíduos com impossibilidade de locomoção por doenças, pessoas com deficiência física e idosos — muitos dos quais analfabetos e sem meios para acompanhar extratos bancários ou benefícios.

O caso reforça a preocupação com o uso indevido dos sistemas de consignação da Previdência, e a CGU deve recomendar medidas de reparação aos prejudicados e de responsabilização das entidades envolvidas.

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