A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta terça-feira (4) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O pedido surge dias após a própria parlamentar divulgar em suas redes sociais que deixou o Brasil, um movimento que está sendo interpretado por ministros do Supremo como uma tentativa de fuga da Justiça.

Zambelli foi recentemente condenada a 10 anos de prisão pelo STF por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A condenação, proferida por unanimidade pela Primeira Turma da Corte, inclui também a perda do mandato, que ainda precisa ser formalizada pela Câmara dos Deputados.

A deputada, que teve seu passaporte apreendido e posteriormente devolvido em 2023 durante a fase de investigação, teria saído do Brasil no último dia 25 de maio, via terrestre para a Argentina, antes de seguir para os Estados Unidos. Em vídeo publicado no YouTube, ela anunciou sua partida: “Eu queria anunciar que estou fora do Brasil. Já faz alguns dias”, afirmou, sem especificar o local exato ou a data de sua chegada aos EUA. Zambelli declarou que pretende se instalar na Europa, onde possui cidadania, e que irá se licenciar do mandato parlamentar. O motivo alegado para a viagem seria a busca por “tratamento médico”, mas detalhes sobre a condição de saúde ou o local do tratamento não foram fornecidos.

A iniciativa da PGR é vista como uma resposta direta à atitude da deputada. Até o momento, o STF não havia decretado a prisão de Zambelli após sua condenação. Com o pedido da Procuradoria, a Suprema Corte deve deliberar sobre a necessidade da prisão preventiva, que é uma medida cautelar extrema, aplicada em casos onde há risco de fuga, obstrução da justiça ou reiteração de crimes.

Repercussão Política e Pedido de Inclusão na Interpol

A saída de Zambelli do país e o pedido de prisão da PGR geraram intensa repercussão no meio político. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), agiu prontamente, acionando a própria PGR para que o nome de Carla Zambelli seja incluído na lista vermelha da Interpol. A medida visa garantir a localização, prisão e extradição da deputada de volta ao Brasil, caso o pedido de prisão preventiva seja deferido pelo STF.

Para Farias, o anúncio da parlamentar configura uma “confissão pública de fuga da Justiça”, justificando a adoção da prisão preventiva. “Há uma condenação grave, e o risco de fuga está evidente”, declarou o deputado petista. A inclusão na lista vermelha da Interpol é um mecanismo de cooperação internacional que permite às polícias de 195 países membros localizar e prender indivíduos procurados por crimes graves.

Zambelli Nega Fuga e Promete “Denunciar Ditadura”

Em meio à controvérsia, Carla Zambelli nega qualquer intenção de escapar da Justiça. Em seu vídeo, ela justificou sua permanência no exterior como uma forma de “denunciar a ditadura” que, em sua visão, estaria em curso no Brasil. “Não é desistir do país, é resistir”, declarou a deputada, prometendo levar o caso a “todas as Cortes da Europa”.

A situação de Carla Zambelli ganha contornos de um embate entre o poder Judiciário e uma parlamentar condenada, colocando em pauta discussões sobre prerrogativas parlamentares, o cumprimento de decisões judiciais e a soberania da lei. A expectativa agora recai sobre a decisão do STF em relação ao pedido de prisão preventiva da PGR, um desdobramento que pode ter implicações significativas para o cenário político e jurídico brasileiro.

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