A Polícia Federal (PF) obteve mensagens de WhatsApp do perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas quais ele expressa temor de ser preso ou até morto caso revelasse informações sobre sua atuação na Corte. As mensagens, trocadas com sua esposa e advogado, foram divulgadas pelo jornal Gazeta do Povo em 15 de abril de 2025.
Os arquivos, que faziam parte de um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Tagliaferro por suposta violação de sigilo funcional, ficaram disponíveis publicamente na internet por quase duas semanas. Após a publicação das mensagens, a PF removeu os arquivos da pasta pública.
Em depoimento à PF, Tagliaferro negou ter vazado as mensagens que embasaram reportagens sobre o uso do setor de combate à desinformação do TSE por Moraes. Ele afirmou que seu celular foi apreendido durante uma investigação de violência doméstica e que acreditava que o aparelho estava seguro, pois teria sido enviado ao ministro. Tagliaferro também mencionou que o celular foi devolvido a ele deslacrado e corrompido, levando-o a descartá-lo.
O inquérito, relatado por Moraes, investiga a origem do vazamento das mensagens e menciona a Polícia Civil de São Paulo como possível fonte do vazamento. A defesa de Tagliaferro solicitou o impedimento de Moraes no caso, mas o pedido foi negado pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso.
O caso ganhou destaque após a divulgação de mensagens que mostravam o gabinete de Moraes solicitando, de forma não oficial, a produção de relatórios pelo TSE para embasar decisões contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. As mensagens indicavam que os relatórios eram encomendados via WhatsApp, sem seguir os trâmites formais, e posteriormente utilizados em inquéritos sobre fake news e milícias digitais.
A investigação continua em andamento, com a PF apurando as circunstâncias do vazamento e as possíveis implicações legais para os envolvidos.