Em uma decisão amplamente aguardada pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira (7), a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 14,75% ao ano. Este é o maior patamar da Selic desde julho de 2006, marcando a sexta alta consecutiva no atual ciclo de aperto monetário.
A decisão do Copom foi unânime e reflete um cenário de crescente preocupação com a inflação, que segue resistente, mesmo diante de sucessivas elevações de juros. O BC citou “expectativas desancoradas”, “projeções de inflação elevadas”, “resiliência da atividade econômica” e “pressões no mercado de trabalho” como os principais vetores para o novo ajuste.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado, para assegurar a convergência da inflação à meta”, justificou o Banco Central em comunicado.
Apesar do aumento, o BC evitou sinalizar o fim do ciclo de alta. Segundo a autoridade monetária, a combinação entre o estágio avançado do atual ciclo de aperto, seus efeitos acumulados ainda não plenamente observados, e um ambiente de elevada incerteza, exige “cautela adicional e flexibilidade”.
Cenário interno e externo desafia política monetária
A decisão do Copom ocorre em meio a um cenário global incerto, fortemente influenciado pelas políticas econômicas dos Estados Unidos, em especial pela condução de sua política comercial. A conjuntura internacional tem alimentado dúvidas sobre a intensidade da desaceleração global e seus impactos nos preços, o que também influencia diretamente a atuação dos bancos centrais ao redor do mundo.
Internamente, o mercado de trabalho aquecido e a persistência da inflação de serviços indicam maior dificuldade para controlar a alta dos preços. Ainda assim, o BC revisou para baixo sua projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estimando inflação de 3,6% para 2026.
Riscos equilibrados
O comunicado do Copom também destaca que os riscos inflacionários estão mais elevados do que o normal, mas equilibrados. Do lado de alta, o BC aponta para a possibilidade de expectativas inflacionárias permanecerem desancoradas por mais tempo, além de uma inflação de serviços mais persistente. Já os riscos de baixa envolvem uma desaceleração econômica global mais acentuada que o esperado e a queda nos preços das commodities.
Próxima decisão em junho
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de junho. Até lá, o mercado seguirá atento aos indicadores econômicos e à evolução do cenário externo para tentar antecipar os próximos passos da autoridade monetária.