A Polícia Federal (PF) está ameaçando suspender operações em todo o país caso o governo federal não reverta o contingenciamento de verbas anunciado no fim de maio. A medida, que visa garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025, bloqueou R$ 31,3 bilhões em despesas, incluindo R$ 748,6 milhões do Ministério da Justiça e Segurança Pública — pasta à qual a PF está subordinada.
De acordo com a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o corte está sendo encarado como um “calote institucional”, afetando diretamente a capacidade operacional da corporação. Entre as principais reclamações está o atraso no pagamento de diárias, que, segundo a entidade, chegam a até dois meses de espera. Atualmente, o passivo acumulado chega a R$ 2,8 milhões.
Luciano Leiro, presidente da ADPF, alertou que, caso o governo não resolva a situação, os delegados podem passar a condicionar a realização de missões ao pagamento antecipado das diárias. “A contenção compromete de forma grave a atuação da Polícia Federal e coloca em risco ações fundamentais no combate ao crime organizado, ao tráfico de drogas e à corrupção”, afirmou.
A crise gerou forte reação entre os agentes federais, que se sentem desvalorizados e pressionados a continuar atuando em operações complexas sem o suporte logístico necessário. A ameaça de paralisação vem em um momento sensível, em que a PF lidera investigações de alto impacto, como os desdobramentos do 8 de Janeiro e ações contra o narcotráfico.
O governo federal, por sua vez, justificou o bloqueio como uma exigência do novo arcabouço fiscal e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), reforçando a necessidade de responsabilidade fiscal. No entanto, não indicou até o momento qualquer previsão de liberação de recursos específicos para a Polícia Federal.
A situação preocupa especialistas em segurança pública, que veem o impasse como um risco à estabilidade institucional e à continuidade de investigações estratégicas. Entidades de classe e parlamentares já começaram a pressionar o Planalto por uma solução emergencial.