A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) alcançou R$ 9,1 trilhões em abril de 2025, representando 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (30). Trata-se de um aumento em relação ao mês anterior, quando o índice estava em 75,9% do PIB.

O crescimento da dívida pública neste período reflete, principalmente, o impacto dos juros nominais apropriados, que contribuíram com uma elevação de 0,7 ponto percentual (p.p.) no indicador. Por outro lado, a valorização do real frente ao dólar teve um leve efeito redutor, estimado em 0,1 p.p., e o crescimento do PIB nominal contribuiu com uma redução de 0,4 p.p. no índice final.

A Dívida Bruta do Governo Geral considera as obrigações do governo federal, do INSS e dos governos estaduais e municipais, excluindo ativos financeiros. É um dos principais indicadores de solvência de um país e é acompanhada com atenção por investidores, agências de classificação de risco e organismos internacionais.

Tendência de alta preocupa economistas

Economistas apontam que a trajetória da dívida pública brasileira preocupa por não dar sinais de estabilização no curto prazo. A elevação constante dos juros nominais sobre o estoque da dívida, somada a déficits fiscais recorrentes, mantém a pressão sobre as contas públicas.

“O problema estrutural é que o Brasil gasta muito mais do que arrecada, e boa parte desse gasto é rígido, como aposentadorias e folha de pagamento. Isso dificulta um ajuste fiscal que contenha o avanço da dívida”, afirma o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto.

O próprio governo federal já admite que terá dificuldade para cumprir a meta de déficit zero em 2025. No projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a equipe econômica admite a possibilidade de um déficit primário de até R$ 30 bilhões, o que reforça a expectativa de crescimento contínuo da dívida no médio prazo.

Dívida líquida também sobe

Além da dívida bruta, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) também apresentou aumento, alcançando 61,2% do PIB em abril, contra 60,8% em março. Esse indicador leva em conta o que o setor público deve, descontando os ativos financeiros, como reservas internacionais.


Contexto internacional

Apesar da elevação, a dívida brasileira ainda se mantém em um patamar considerado administrável em comparação com economias desenvolvidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a dívida pública bruta já supera 120% do PIB. No entanto, diferentemente desses países, o Brasil enfrenta limitações mais rígidas de financiamento e menor credibilidade fiscal, o que torna o crescimento da dívida mais sensível para os mercados.

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