A Força Aérea Brasileira (FAB) deu início a uma série de ajustes drásticos em suas operações após sofrer um corte de R$ 812,2 milhões determinado pelo governo federal. As informações constam em uma planilha interna atribuída ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), à qual veículos de imprensa tiveram acesso.

Entre as medidas já definidas estão a paralisação de 40 aeronaves, o afastamento de 137 pilotos — incluindo profissionais do Grupo de Transporte Especial, responsável por missões oficiais do governo — e a suspensão do uso de aviões em eventos públicos, como exposições e demonstrações aéreas.

Medidas de contenção

O documento detalha ao menos nove ações de contenção de despesas, que incluem:

  • Suspensão de pagamentos para missões internacionais;

  • Adoção de jornada reduzida em unidades da FAB e do DCTA;

  • Restrição do uso de aeronaves para voos de treinamento e transporte não essencial.

Em nota oficial, a FAB confirmou a existência do plano de contenção orçamentária. Segundo o Comando da Aeronáutica, os cortes fazem parte de um bloqueio mais amplo imposto ao Ministério da Defesa, que totaliza R$ 2,6 bilhões, afetando tanto despesas discricionárias quanto projetos estratégicos da Força Aérea.

Impacto em programas estratégicos

Além das restrições operacionais, fontes militares apontam que os cortes podem ter efeitos negativos em programas considerados prioritários, como o desenvolvimento de novas aeronaves, sistemas de defesa, modernização da frota e pesquisas tecnológicas.

A paralisação do Grupo de Transporte Especial também gera preocupação no governo, já que a unidade é responsável pelo transporte de autoridades, inclusive do presidente da República, e pelo apoio a missões diplomáticas ou humanitárias no exterior.

Contexto fiscal

O bloqueio orçamentário ocorre em meio ao esforço do governo federal para cumprir as metas fiscais previstas no novo arcabouço fiscal. Na última semana, o Ministério do Planejamento e Orçamento anunciou o bloqueio de R$ 14,2 bilhões em despesas do Executivo para 2025, afetando diversas pastas.

Especialistas em defesa apontam que, embora contingenciamentos sejam comuns, o tamanho do bloqueio atual impõe riscos à prontidão operacional da FAB e pode comprometer o cronograma de projetos sensíveis à soberania nacional.

“Cortar recursos de defesa é sempre delicado, pois compromete treinamentos, manutenção de equipamentos e, sobretudo, a capacidade de resposta rápida da força aérea”, avalia o analista militar Roberto Gallo.

Por ora, o Ministério da Defesa ainda não detalhou se buscará recomposição parcial dos valores bloqueados via suplementações orçamentárias.

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