As despesas do governo federal com viagens registraram um aumento vertiginoso nos últimos 45 dias, saltando de R$ 212,1 milhões em abril para R$ 423,3 milhões até 15 de maio de 2025. Desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023, o montante total com deslocamentos já atingiu a impressionante marca de R$ 5,05 bilhões, conforme levantamento recente do Portal da Transparência, que retomou a divulgação dos dados após um período de inatividade.

Este volume de gastos levanta sérios questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos e a necessidade de tantos deslocamentos. No período recente entre abril e maio deste ano, as despesas se dividem em R$ 255,3 milhões em diárias para assessores e quase R$ 166 milhões em passagens aéreas.

Custos Ocultos e Recorde Histórico:

A preocupação com a transparência é intensificada pelo fato de que o cálculo total não inclui os voos realizados pelo presidente Lula e a primeira-dama Janja em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Da mesma forma, os deslocamentos do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros e outras autoridades de alto escalão em voos oficiais também não são contabilizados nessa soma, o que sugere que o valor real das despesas pode ser ainda maior.

Somente em 2025, os gastos com viagens internacionais de funcionários do governo Lula já acumulam R$ 61,7 milhões, pagos integralmente com recursos públicos. Esse cenário contribuiu para que, nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula (2023 e 2024), o governo federal já tivesse desembolsado R$ 4,63 bilhões com viagens – o maior valor da história brasileira para esse tipo de despesa.

Contexto e Repercussão:

O aumento expressivo dos gastos ocorre em um momento de desafios econômicos e de debates sobre a austeridade fiscal. Especialistas e analistas políticos apontam que muitos dos deslocamentos poderiam ser evitados. A tecnologia atual oferece ferramentas eficientes para reuniões virtuais, com compartilhamento de dados em tempo real, o que poderia reduzir consideravelmente a necessidade de viagens físicas, especialmente em um país com dimensões continentais como o Brasil.

A crítica sobre os altos custos de viagens governamentais não é exclusiva da atual gestão. Governos anteriores também enfrentaram questionamentos semelhantes, mas a escala dos valores atuais e o crescimento acelerado nos últimos 45 dias chamam particular atenção. A opacidade em relação aos custos dos voos da FAB e a ausência de detalhamentos mais transparentes sobre as agendas de viagem de ministros e comitivas contribuem para a desconfiança pública.

A sociedade civil e órgãos de controle continuam a demandar maior clareza sobre a justificativa de cada deslocamento e a efetividade desses gastos para o interesse público, especialmente em um contexto em que o controle de despesas e a eficiência no uso do dinheiro do contribuinte são pautas prioritárias.

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