A Bahia ainda registra um número maior de beneficiários do programa Bolsa Família do que de trabalhadores com carteira assinada. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o estado conta com 2,14 milhões de trabalhadores formais, enquanto o número de pessoas assistidas pelo Bolsa Família chega a 2,48 milhões, conforme a Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad).

O dado escancara os males do assistencialismo, que ao invés de combater as vulnerabilidades sociais, criam uma sociedade anestesiada. Segundo o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Edval Landulfo, o cenário limita o poder de compra da população e compromete o desenvolvimento econômico regional.

“As pessoas acabam deixando de se alimentar adequadamente, têm dificuldade de locomoção e de acesso a bens e serviços básicos. Isso não contribui com a economia local”, pontua Landulfo.

Terceiro maior desequilíbrio do Brasil

A Bahia ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de estados com maior diferença entre trabalhadores formais e beneficiários do Bolsa Família — atrás apenas do Maranhão e do Pará.

Atualmente, o programa social garante um mínimo de R$ 600 por família, enquanto o salário mínimo nacional é de R$ 1.412. O desequilíbrio, segundo Landulfo, revela o histórico processo de desindustrialização e desigualdade regional no Brasil. Por outro lado, indústrias tem deixado o estado nas últimas décadas, por falta de mão de obra qualificada e pessoas dispostas à trabalhar no regime CLT.

Mais do que um auxílio

Especialistas argumentam que o Bolsa Família tem papel estruturante na redução da pobreza e na melhoria da escolaridade, o que não se sustenta frente à realidade. Pelo menos 7 milhões estão no Bolsa Família há mais de dez anos. Um terço do total de beneficiários.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here