O governo Lula declarou em 28 de maio, por meio de Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais, apoio ao direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. A posição contrariou os Estados Unidos, que condicionam qualquer alívio nas sanções ao fim do programa nuclear iraniano.
Durante a 13ª Reunião Internacional de Altos Representantes em Moscou, Amorim reiterou a defesa do enriquecimento de urânio e o uso pacífico da energia nuclear pelo Irã, junto à delegação iraniana.
Reações internacionais e tensões diplomáticas
Esse apoio posiciona o Brasil em contraposição aos EUA, que desde 2018 pressionam para que o Irã limite seu programa nuclear. Brasil também reforçou discurso contra sanções unilaterais, alinhando-se a uma visão multipolar.
Acusações de viés, silêncio e alinhamento
O jornalista Allan dos Santos, atualmente nos EUA, acusou o governo brasileiro de “cumplicidade” com o Irã, apontando a recusa do Brasil em apoiar sanções trazidas pela ONU, incluindo a Resolução 1929, e a omissão frente a violações de direitos humanos no regime teocrático iraniano.
Críticos flagraram uma escalada retórica contra Israel — a ofensiva israelense foi chamada de “direito de vingança” por Lula, comparações com o Holocausto foram alvo de severa reação internacional — ao passo que o Brasil mantém silêncio em relação a ações do Irã e do Hezbollah .
Sumiço de urânio e apagão energético somam polêmicas
Outro tema que afetou a agenda nuclear foi o desaparecimento, em julho de 2023, de duas cápsulas contendo cerca de 8 g de urânio enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ). A situação permanece sem explicação oficial.
Na mesma época, um apagão atingiu 25 unidades da federação, e nem o ONS nem o Ministério de Minas e Energia conseguiram apontar causa técnica conhecida.
A Associação Antinuclear Brasileira classificou como “flagrante irresponsabilidade” a falha da INB em controle desses materiais radioativos.
Contexto nuclear do Brasil
O país possui um programa nuclear civil consolidado, com produção de urânio em Caetité (BA) e duas usinas operacionais em Angra. O ciclo de combustível é nacional, com enriquecimento industrializado na unidade de Resende, sob supervisão da CNEN e AIEA.
Historicamente, o Brasil defende o desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos, inclusive no contexto da declaração de Teerã de 2010 (com Brasil, Turquia e Irã).