Em meio ao escândalo bilionário que atinge o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência Social, reforçando uma estratégia de contenção de danos e valorizando alianças políticas históricas.
A decisão de blindar Lupi ocorre mesmo após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), revelar um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões que teria movimentado R$ 6,3 bilhões. Segundo fontes do Palácio do Planalto, Lula só cogitaria rever essa posição caso o nome de Lupi fosse diretamente implicado nas investigações.
Defesa no Congresso e narrativa de controle
No Congresso Nacional, a base do governo articula uma estratégia para defender o ministro. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) tem trabalhado para consolidar a narrativa de que o governo agiu ao identificar os problemas, suspendendo os acordos com as entidades suspeitas e reforçando os sistemas de controle do INSS.
Carlos Lupi compareceu à Câmara dos Deputados nesta terça-feira (29), onde foi pressionado a explicar a demora na resposta do ministério frente às irregularidades. No entanto, o ministro cancelou sua participação na audiência do Senado, o que gerou críticas da oposição e até de setores da base aliada.
Operação Sem Desconto: fraudes, prisões e afastamentos
A operação já levou ao cumprimento de mais de 200 mandados de busca e apreensão e resultou em seis prisões temporárias. O esquema, revelado pelo portal Metrópoles, envolvia entidades de fachada que realizavam descontos mensais sem autorização dos beneficiários, com a conivência de servidores públicos e intermediários ligados a consultorias privadas.
Entre os atingidos pela crise está o agora ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, afastado após suspeitas de omissão e negligência no controle das autorizações dadas às entidades investigadas.
Lupi blindado, por ora
Apesar da gravidade do escândalo, Carlos Lupi continua prestigiado no núcleo duro do governo, especialmente pela longa trajetória como aliado político de Lula e presidente licenciado do PDT. Internamente, há o entendimento de que uma exoneração agora poderia fragilizar a base governista e acirrar tensões com partidos do centrão.