A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou nesta quinta-feira (25) ao Ministério da Agricultura a proposta oficial para o Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026 — o Plano Safra. A entidade solicita um volume recorde de R$ 570 bilhões, um aumento expressivo em relação ao plano anterior, que destinou R$ 400,59 bilhões ao setor.
A proposta, segundo a CNA, é essencial para assegurar a competitividade do agronegócio nacional, que enfrenta desafios como aumento dos custos de produção, clima imprevisível e forte concorrência internacional. O montante pleiteado inclui R$ 400 bilhões com juros controlados, voltados especialmente para pequenos e médios produtores.
Crédito com menos burocracia, mais alcance, Seguro rural fortalecido e integração com crédito
Um dos principais pontos do documento é a crítica à chamada “venda casada”, quando bancos impõem contratação de serviços adicionais como condição para liberação do crédito rural. A CNA defende a eliminação dessa prática, que encarece o financiamento e prejudica a liberdade de escolha do produtor.
Além disso, a entidade pede taxas de juros menores, modernização dos sistemas de financiamento e maior participação de cooperativas de crédito e bancos regionais, a fim de ampliar o acesso ao crédito nas áreas rurais mais afastadas.
Com o avanço das mudanças climáticas, a CNA reforçou a urgência de um seguro rural mais eficiente e acessível. A proposta destina ao menos R$ 2 bilhões para subvenção ao prêmio do seguro, além de sugerir a criação do Fundo Catástrofe, já em tramitação no Senado.
A entidade também propõe a integração entre crédito e seguro rural, garantindo que produtores tenham recursos não apenas para produzir, mas também para se proteger contra perdas severas.
Agricultura sustentável como prioridade
Um dos destaques da proposta é a inclusão de condições especiais de financiamento para práticas de agricultura de baixo carbono. O objetivo é premiar produtores que já adotam técnicas sustentáveis, contribuindo com a segurança alimentar global e com metas ambientais.
Essa linha de ação se conecta ao Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que deve ser lançado nos próximos dias pelo governo federal. A estimativa é restaurar entre 1,5 e 2 milhões de hectares por ano, sem ampliar o desmatamento.
Outro ponto crucial da proposta da CNA é a divulgação antecipada das regras do plano, para evitar atrasos que atrapalham o planejamento das safras. A entidade quer que os recursos estejam disponíveis já no primeiro dia de vigência do novo Plano Safra, que começa em julho.
As discussões para a construção do novo Plano Safra seguem intensas entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Fazenda. O anúncio oficial é esperado até o fim de junho. Segundo o ministro Carlos Fávaro, linhas de crédito dolarizadas para exportadores e o seguro paramétrico — baseado em dados climáticos — também estão em análise.
“O produtor brasileiro já faz muito com pouco. Com mais crédito e menos burocracia, pode fazer ainda mais pela segurança alimentar global e pela economia verde”, resume a CNA.