Cinco dias após vir a público a denúncia contra o deputado federal André Janones (Avante-MG), acusado de ameaçar e chantagear a prefeita de Ituiutaba (MG), Leandra Guedes, sua ex-namorada, partidos de esquerda e movimentos feministas ligados à base do governo Lula seguem sem manifestações públicas sobre o caso.
A Justiça de Minas Gerais concedeu medidas protetivas à prefeita, com base na Lei Maria da Penha, determinando que Janones mantenha distância mínima de 300 metros, evite frequentar os mesmos locais que a vítima e se abstenha de divulgar imagens íntimas do período em que mantinham relacionamento.
A denúncia aponta que o parlamentar teria utilizado esse material como forma de pressão após o fim do relacionamento, supostamente visando retomar influência política na prefeitura da cidade. O processo corre sob segredo de Justiça.
A ausência de reações públicas por parte do PT, de movimentos feministas e de parlamentares alinhados à pauta dos direitos das mulheres tem sido criticada por adversários políticos e por setores independentes da sociedade civil, que apontam uma suposta incoerência no tratamento de casos de violência contra a mulher, dependendo da filiação ou proximidade política do acusado.
O episódio remete a outros casos envolvendo figuras próximas ao governo, como o de um ex-ministro denunciado por assédio contra a ministra Anielle Franco, revelado dois anos após o fato, sem que houvesse reação institucional à época.
A denúncia contra Janones reacende o debate sobre o grau de compromisso efetivo de setores políticos e sociais com a defesa das mulheres, sobretudo quando esse compromisso colide com alianças estratégicas. Até o momento, o deputado não se pronunciou oficialmente sobre o caso.