Em meio a um cenário de reformas econômicas profundas, a Argentina registrou crescimento de 5,8% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (23) pelo Instituto Nacional de Estadística y Censos (Indec), equivalente ao IBGE brasileiro.
Este é o terceiro trimestre consecutivo de expansão da economia argentina, que vinha de um período prolongado de recessão e crise inflacionária.
Principais fatores do crescimento
O avanço econômico argentino tem sido impulsionado por uma combinação de fatores:
- Alta de 11,6% no consumo privado, reflexo da melhora da confiança dos consumidores e da recuperação do poder de compra.
- Salto de 31,8% na formação bruta de capital fixo, o que indica forte crescimento dos investimentos em construção civil, compra de máquinas, equipamentos e transporte.
- Exportações cresceram 7,2%, favorecidas por um câmbio mais competitivo e pela recuperação de mercados internacionais.
Ajustes fiscais e reformas do governo Milei
O resultado positivo ocorre em meio às mudanças radicais promovidas pelo presidente Javier Milei, que desde o início de seu mandato implementa uma política de austeridade fiscal e desregulamentação econômica. As medidas incluem:
- Cortes nos gastos públicos.
- Redução da intervenção estatal em setores-chave.
- Incentivos ao investimento privado.
- Liberação de preços e câmbio.
O governo Milei tem como discurso central a necessidade de “tirar o peso do Estado de cima da população”, o que gerou polêmica dentro e fora da Argentina, mas que agora começa a refletir nos indicadores macroeconômicos.
Inflação começa a recuar
Outro destaque foi a desaceleração da inflação. O índice mensal de maio ficou em 1,5%, uma redução de 1,3 ponto percentual em relação a abril. O acumulado em 12 meses, embora ainda alto, caiu para 43,5%, mostrando o início de uma tendência de controle dos preços.
Pontos de atenção
Apesar do crescimento expressivo, alguns indicadores preocupam:
- As importações dispararam 42,8%, o que pode afetar o equilíbrio da balança comercial nos próximos meses.
- O consumo público caiu 0,8%, refletindo os cortes de gastos do governo.
- As exportações recuaram 1,5% no trimestre em relação ao trimestre anterior, o que pode indicar alguma oscilação na demanda externa.
Análise de especialistas
Analistas econômicos apontam que o crescimento reflete uma recuperação cíclica combinada com o impacto inicial das reformas liberais, mas alertam que a sustentabilidade desse avanço dependerá da capacidade do governo de manter o controle da inflação e estimular o consumo e o investimento de forma contínua.