Um novo estudo publicado na conceituada revista científica Cell Metabolism acendeu um sinal de alerta mundial sobre o aspartame, adoçante artificial largamente usado em produtos como refrigerantes diet, “zero açúcar” e outros alimentos industrializados.
A pesquisa, conduzida por cientistas do Karolinska Institutet (Suécia) em parceria com a Universidade de Shandong (China), apontou que o consumo diário equivalente a três latas de refrigerantes dietéticos pode estar associado a um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Efeitos nos testes
No estudo, camundongos foram alimentados por 12 semanas com uma dieta contendo 0,15% de aspartame, proporção equivalente à ingestão humana de cerca de três latas diárias de refrigerante adoçado artificialmente. Os resultados foram preocupantes:
- Aumento dos níveis de insulina no sangue, indicador ligado a maior risco metabólico;
- Formação acelerada de placas de gordura nas artérias, processo que leva à aterosclerose;
- Ativação de marcadores inflamatórios como IL-6, TNF-α e CX3CL1, que elevam o risco de doenças cardíacas e AVC.
Segundo os pesquisadores, a inflamação provocada pelo excesso de insulina pode acelerar o desenvolvimento da aterosclerose, quadro que estreita ou obstrui artérias e pode resultar em infarto ou derrame.
Estudo em humanos ainda é necessário
Os autores destacaram que, apesar dos resultados expressivos, os testes foram realizados em animais. Portanto, não há evidência conclusiva sobre o mesmo efeito em seres humanos, sendo necessários estudos clínicos para confirmar os riscos.
Mesmo assim, o trabalho gerou repercussão internacional. O jornal britânico The Sun publicou manchete em tom alarmista: “Alerta urgente sobre refrigerantes gaseificados: ingrediente pode elevar risco de infarto e derrame.”
O que dizem as autoridades de saúde?
- A Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório publicado em julho de 2023, classificou o aspartame como “possivelmente cancerígeno para humanos” (Grupo 2B), mas ressaltou que, dentro dos limites de ingestão diária aceitável, o risco é considerado baixo.
- Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) mantém o aspartame aprovado como seguro para consumo humano, dentro do limite de até 50 mg/kg de peso corporal por dia.
- No Brasil, a Anvisa também autoriza o uso do adoçante, seguindo limites de ingestão diária estabelecidos internacionalmente.
Ainda assim, profissionais da saúde recomendam moderação no consumo de adoçantes artificiais. “Embora não devamos entrar em pânico, é prudente evitar excesso de refrigerantes diet ou alimentos ultraprocessados com adoçantes, até que tenhamos dados mais robustos em humanos,” alerta o médico endocrinologista Dr. André Vilela, consultado pela reportagem.
O aspartame no cotidiano
O aspartame está presente em milhares de produtos no mercado — não apenas refrigerantes diet, mas também iogurtes light, gomas de mascar, sobremesas sem açúcar e até medicamentos infantis.
Para quem busca reduzir o consumo, especialistas indicam alternativas como água saborizada natural, chás sem açúcar e moderação no uso de qualquer adoçante, seja artificial ou natural.
O debate sobre os riscos do aspartame deve se intensificar nos próximos meses, com novas pesquisas em andamento para avaliar os impactos em seres humanos.