Uma operação de fiscalização ambiental na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, no estado de Rondônia, quase terminou em tragédia após agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e policiais militares do 5º Batalhão sofrerem uma emboscada armada. O ataque ocorreu entre os dias 15 e 25 de junho, quando as equipes atuavam contra atividades ilegais, como desmatamento e garimpo clandestino, dentro da unidade de conservação federal.
Segundo informações das equipes envolvidas na ação, os criminosos, ainda não identificados, abriram fogo contra os fiscais e policiais durante inspeções em áreas de exploração ilegal. Além dos disparos, os infratores espalharam tábuas com pregos nas estradas vicinais da região, na tentativa de impedir o avanço das viaturas. Vários pneus foram danificados, dificultando o deslocamento da equipe no interior da floresta.
A emboscada seria uma retaliação às recentes ações de repressão realizadas pela Operação Dominância, que incluiu a destruição de maquinários utilizados no desmatamento e na mineração ilegal. Durante a operação, uma espingarda calibre 12 e cinco munições foram apreendidas.
Felizmente, ninguém ficou ferido na ação criminosa. No entanto, o ataque reforça o clima de tensão e hostilidade enfrentado pelos agentes ambientais e policiais na linha de frente da proteção da floresta.
Crimes ambientais avançam sobre áreas protegidas
A Floresta Nacional do Jamari, localizada nos municípios de Itapuã do Oeste e Cujubim, é uma unidade de conservação federal sob constante ameaça de ocupações irregulares, desmatamento e garimpo ilegal. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que Rondônia está entre os estados da Amazônia Legal com os maiores índices de desmatamento em unidades de conservação.
A Operação Dominância, coordenada por órgãos como o ICMBio, Ibama, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e Polícia Militar, visa reprimir atividades ilegais em áreas protegidas e garantir a preservação dos biomas locais. Segundo o ICMBio, as ações vão continuar ao longo do ano e devem contar com reforço das forças de segurança federal.
Ameaças à fiscalização ambiental são recorrentes
Casos de emboscadas, ameaças e violência contra agentes ambientais têm se tornado frequentes na região Norte, onde o avanço de atividades ilegais muitas vezes ocorre sob o comando de grupos armados. Em 2022, um episódio similar terminou com a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari (AM), revelando o alto risco envolvido nas ações de fiscalização na Amazônia.
As autoridades reforçam que atacar servidores públicos no exercício da função é crime grave, passível de punição severa. A Polícia Federal deve entrar na investigação do caso ocorrido na Flona do Jamari, e diligências estão em andamento para identificar os autores do atentado.