O deputado português André Ventura, líder do partido Chega — atualmente a terceira maior força política em Portugal — anunciou nesta segunda-feira (23 de junho) que o partido abrirá uma investigação própria sobre o ministro brasileiro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração foi feita nas redes sociais do parlamentar, especialmente no X (antigo Twitter), e rapidamente ganhou repercussão tanto na mídia portuguesa quanto em veículos de opinião no Brasil.
Motivo da investigação
Segundo Ventura, a iniciativa do Chega foi motivada por um grande número de denúncias recebidas nos últimos meses envolvendo o nome de Gilmar Mendes. O parlamentar afirma que a investigação vai focar em três pontos principais:
- A influência política de Mendes em Portugal;
- O patrimônio adquirido ou movimentado no país;
- As eventuais conexões com redes de interesses ligadas ao governo Lula e aliados políticos brasileiros.
"Depois de milhares de denúncias recebidas, o Chega irá fazer uma investigação própria à influência, patrimônio e rede de interesses do ministro do STF Gilmar Mendes, em Portugal", publicou Ventura no X.
Ele ainda afirmou que, segundo o partido, o governo brasileiro estaria tentando formar “uma rede de proteção política” no exterior para blindar autoridades de possíveis investigações internacionais.
Relação de Gilmar Mendes com Portugal
Gilmar Mendes tem uma conhecida relação acadêmica e institucional com Portugal. Ele é professor catedrático convidado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e tem forte trânsito no meio jurídico lusitano.
Além disso, segundo registros públicos, o ministro possui um imóvel na região de Lisboa, onde passa parte de suas férias e realiza encontros com autoridades locais.
Até o momento, Gilmar Mendes não comentou publicamente o anúncio feito por Ventura. A assessoria de comunicação do Supremo Tribunal Federal também não emitiu posicionamento oficial sobre o caso.
Repercussão política
O anúncio ocorre em meio a um clima político já tenso nas relações entre lideranças conservadoras europeias e setores da esquerda brasileira. O Chega tem se posicionado de forma crítica a temas como imigração, relações internacionais com governos de esquerda na América Latina e supostos abusos de poder por autoridades judiciais estrangeiras.
Analistas políticos em Lisboa apontam que a decisão de Ventura pode ter tanto um efeito de pressão política interna quanto de fortalecimento da imagem do partido junto à base conservadora portuguesa.
Próximos passos
Ventura informou que o Chega pretende formalizar requerimentos ao governo português, levantar registros patrimoniais e buscar cooperação internacional para aprofundar as investigações.
Por enquanto, a iniciativa do partido tem caráter político-parlamentar e não corresponde a uma investigação oficial do Ministério Público de Portugal.
O caso segue em apuração, e o espaço segue aberto para manifestação de Gilmar Mendes ou de sua assessoria.
