Um homem foi condenado a 70 anos e 10 meses de prisão pelo assassinato brutal da ex-companheira, Marilza Barbosa, de 27 anos, e da filha do casal, de apenas 6 anos. O julgamento, realizado por júri popular, ocorreu na última terça-feira (20) no município de Costa Marques, em Rondônia.
As vítimas foram mortas a golpes de faca no pescoço dentro da própria residência, localizada no distrito de São Domingos, zona rural da cidade. Segundo a investigação conduzida pela Polícia Civil, o réu não aceitava o fim do relacionamento com Marilza e premeditou o ataque.
Durante o julgamento, os jurados reconheceram qualificadoras que agravaram a pena: feminicídio, motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas. No caso da criança, o crime foi ainda mais severamente considerado por ter sido praticado contra um descendente direto.
O crime aconteceu em dezembro de 2023 e foi descoberto após o patrão do acusado estranhar sua ausência no trabalho. Ao ir até a casa da ex-companheira, encontrou a moto do funcionário estacionada, mas ninguém atendeu aos chamados. Preocupado, acionou a Polícia Militar.
Os policiais, ao abrirem uma das janelas da casa, depararam-se com uma cena chocante: os corpos de Marilza, da filha de 6 anos e do próprio acusado caídos ao chão, todos ensanguentados. O delegado responsável pela investigação, Reinaldo Reis, contou que a criança e a mãe já estavam sem vida. O réu, por sua vez, apresentava um corte profundo na garganta, mas ainda estava com sinais vitais.
Ele foi socorrido e levado ao hospital em São Francisco do Guaporé, onde sobreviveu. A perícia recolheu o celular da vítima, que foi fundamental para a elucidação do caso. Nas conversas armazenadas, foi possível reconstruir a linha do tempo dos acontecimentos e confirmar o histórico de ameaças.
A tragédia causou forte comoção na pequena comunidade de São Domingos, onde a família vivia. Marilza deixou outra filha, de 12 anos, fruto de um relacionamento anterior. A menina foi acolhida por familiares.
Organizações locais de defesa das mulheres e da infância lamentaram o crime e reforçaram a necessidade de combate à violência doméstica e ao feminicídio. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra, em média, um feminicídio a cada seis horas. Casos em que filhos também são vítimas, como este, representam um alerta ainda maior para os efeitos da violência de gênero dentro do ambiente familiar.
O réu cumprirá a pena inicialmente em regime fechado e não poderá recorrer em liberdade.