O impacto da inflação no Brasil tem forçado milhões de famílias a cortar gastos essenciais, inclusive com alimentação e medicamentos. Segundo levantamento do instituto Datafolha realizado entre os dias 1º e 3 de abril com 3 mil pessoas em 172 municípios, 58% dos brasileiros afirmam ter reduzido a compra de alimentos devido à alta de preços. Entre os mais pobres, esse número chega a 67%.
A pesquisa revela ainda que 61% passaram a comer fora com menos frequência, enquanto metade dos entrevistados trocou a marca do café por opções mais baratas. Quase a mesma proporção (49%) afirma ter diminuído o consumo da bebida, que acumulou alta de 77,78% em 12 meses, segundo o IBGE.
A inflação também afeta outros aspectos da vida cotidiana:
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36% deixaram de comprar medicamentos,
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50% reduziram o uso de água, luz e gás,
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47% buscaram fontes alternativas de renda,
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e 32% atrasaram dívidas.
Entre os entrevistados, 25% dizem ter menos comida em casa do que o necessário, reforçando a persistência da insegurança alimentar no país.
Mesmo com esses dados alarmantes, 54% responsabilizam diretamente o governo Lula pela alta dos preços, enquanto 29% o responsabilizam parcialmente. Apenas 14% o isentam. A percepção de piora econômica também se intensificou: 55% afirmam que a situação do país piorou, contra 45% em dezembro.
Apesar disso, a aprovação do governo subiu para 29% (ante 24% em dezembro), embora a reprovação ainda seja de 38%.
Especialistas apontam que fatores como a crise climática, conflitos internacionais e problemas na produção agrícola também pesam na escalada dos preços, mas a população segue atribuindo grande parte da culpa à gestão federal.