O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) que adote medidas emergenciais para garantir a segurança da ponte sobre o Rio Candeias, que liga Candeias do Jamari a Porto Velho (RO). O prazo dado ao órgão para responder se irá cumprir a recomendação é de 48 horas.
Segundo o MPF, há risco iminente de colapso da estrutura, que já apresenta rachaduras e deformações graves, conforme apontado em vistoria técnica realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (Crea-RO) no dia 13 de maio. No dia seguinte, a equipe do Crea visitou a sede do Dnit para cobrar informações sobre as ações adotadas até então.
A avaliação apontou que a ponte apresenta patologias progressivas, ou seja, danos que tendem a se agravar com o tempo, principalmente devido ao tráfego intenso de veículos pesados. Utilizando o método GUT (Gravidade, Urgência e Tendência), a situação foi classificada como gravíssima e com necessidade imediata de intervenção.
Na recomendação, o MPF detalhou uma série de ações que o Dnit deve tomar, entre elas:
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Manutenção do sistema “pare e siga”, para alternar o fluxo e concentrar o tráfego no eixo central da ponte;
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Alternância entre veículos leves e pesados, evitando sobrecarga em pontos comprometidos;
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Avaliação estrutural aprofundada, com engenheiros civis especializados em pontes;
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Execução de protensão externa, técnica que utiliza cabos de aço para reforçar a estrutura;
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Reforço e substituição de materiais comprometidos;
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Monitoramento contínuo para verificar a evolução das deformações;
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Elaboração de cronograma de obras, com prazos definidos para reformas tanto da ponte em uso quanto da ponte antiga, atualmente interditada.
O procurador da República Raphael Bevilaqua, autor da recomendação, frisou que outras medidas poderão ser tomadas pelo Dnit, desde que sejam eficientes e eficazes para garantir a integridade da estrutura.
Histórico de tragédias reforça urgência
O MPF relembrou episódios recentes em que a negligência com a manutenção de pontes levou a desastres fatais. Em setembro de 2022, duas pontes desabaram na BR-319, entre Manaus e Porto Velho, deixando cinco mortos e 10 feridos. Em dezembro de 2024, a queda da Ponte Juscelino Kubitschek, entre Maranhão e Tocantins, causou a morte de pelo menos 17 pessoas.
Esses casos reforçam a necessidade de ação imediata para prevenir tragédias em Rondônia. A ponte sobre o Rio Candeias é uma das principais ligações entre a capital Porto Velho e os municípios da região, com tráfego diário de centenas de veículos, incluindo carretas e caminhões.