Uma operação de grande escala foi deflagrada pela Polícia Civil de Rondônia na quarta-feira (23) em resposta a uma tentativa de homicídio e denúncias de crimes ambientais registrados em áreas de conflito agrário no estado. A ação, batizada de “Terra de Sangue”, mobilizou equipes da 10ª Delegacia de Nova Mutum Paraná, com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e do Batalhão de Operações Especiais (BOPE).
A operação visou principalmente a coleta de provas relacionadas a um ataque contra um extrativista, ocorrido em uma área de disputa fundiária marcada pela grilagem de terras e pela extração ilegal de madeira e outros recursos naturais.
Conflito em territórios protegidos
Mandados judiciais foram cumpridos no distrito de Jaci Paraná e dentro da Reserva Extrativista (Resex), onde há registro de ações de grupos armados que tentam expulsar moradores tradicionais e extrativistas legais para tomar posse das terras.
Durante a operação, os agentes apreenderam três espingardas, 210 munições (entre intactas e deflagradas) e lavraram múltiplas autuações por infrações ambientais. Ao todo, 35 agentes de segurança pública participaram da ação.
A escolha do nome da operação — “Terra de Sangue” — simboliza a escalada da violência na região, onde disputas territoriais estão cada vez mais associadas a práticas criminosas, como ameaças, tentativas de assassinato e devastação ambiental.
Atuação contra crimes ambientais e fundiários
De acordo com a Polícia Civil, a ofensiva integra uma estratégia mais ampla de combate à criminalidade no campo, especialmente em áreas de conservação e reservas extrativistas que têm sido alvos recorrentes de invasores ilegais. Os envolvidos na tentativa de homicídio estão sendo investigados por crime contra a vida, porte ilegal de arma de fogo e crimes ambientais.
Além da repressão direta, a operação também teve caráter preventivo, buscando garantir a segurança dos moradores legítimos e a proteção da biodiversidade da região.
Contexto estadual e nacional
Casos semelhantes têm sido registrados em diversas partes da Amazônia Legal, onde o avanço do desmatamento ilegal e da grilagem de terras têm provocado conflitos sangrentos entre comunidades tradicionais, posseiros, extrativistas e invasores.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que, apesar de uma leve redução no desmatamento na Amazônia em 2024, Rondônia continua entre os estados com maior índice de devastação florestal e tensão fundiária.
Compromisso com a ordem
A Polícia Civil destacou que novas etapas da operação não estão descartadas e reforçou o compromisso do Governo de Rondônia com o combate à grilagem, à destruição ambiental e à violência rural.
“Seguiremos atuando com rigor para proteger os cidadãos que vivem da terra de forma legal e sustentável. Ninguém está acima da lei, nem mesmo aqueles que tentam se impor pela força em áreas de proteção ambiental”, afirmou o delegado responsável pela investigação.
