Antônio Cláudio Alves Ferreira, condenado a 17 anos de prisão por participação nos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, foi transferido para o regime semiaberto pela Vara de Execuções Penais de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A decisão tem gerado forte repercussão, especialmente porque ele não usará tornozeleira eletrônica devido à falta de equipamentos disponíveis no estado.
🕰️ O caso: o homem que quebrou o “Relógio da Democracia”
Antônio Cláudio ficou conhecido nacionalmente por ter sido flagrado quebrando o relógio histórico de Balthazar Martinot, um presente da Corte Francesa ao imperador Dom João VI, em 1808, e que ficava exposto no Palácio do Planalto, em Brasília.
O vandalismo ocorreu durante a invasão e depredação de prédios dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, que ficou marcado como um dos ataques mais graves à democracia brasileira em décadas.
Por sua participação, ele foi condenado por crimes como:
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Golpe de Estado
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Dano qualificado
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Associação criminosa armada
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Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
📃 A decisão judicial e as justificativas
O juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Vara de Execuções Penais de Uberlândia, autorizou a progressão de regime alegando que o detento não cometeu faltas disciplinares graves recentemente e apresentou boa conduta carcerária.
Como medida alternativa à tornozeleira eletrônica, o magistrado determinou restrições de liberdade, incluindo:
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Proibição de sair de casa até liberação formal para trabalho externo
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Obrigação de manter endereço fixo
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Comparecimento periódico ao juízo
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Proibição de frequentar determinados locais
O juiz ressaltou na decisão que o sistema penitenciário de Minas Gerais está com estoque insuficiente de tornozeleiras, o que inviabilizou a adoção desse monitoramento.
⚖️ Repercussão política: críticas à Justiça
A decisão reacendeu críticas de setores da sociedade e de parlamentares que apontam a existência de “dois pesos e duas medidas” no sistema judicial brasileiro.
O episódio gerou revolta principalmente entre defensores de punições mais rigorosas aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.
Deputados da oposição ao governo Lula também reagiram nas redes sociais, dizendo que há “perseguição seletiva” e “flexibilização absurda de penas para alguns envolvidos”, enquanto outros réus seguem em regime fechado por crimes semelhantes.
⏳ Situação das tornozeleiras em Minas Gerais
O déficit de tornozeleiras eletrônicas é um problema já antigo no estado. Segundo relatório de maio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG), o estado tem mais de 1.200 detentos aptos ao regime semiaberto aguardando tornozeleiras.
O governo mineiro afirma que está em processo de compra de novos equipamentos, mas enfrenta dificuldades logísticas e orçamentárias.