A produção industrial brasileira sofreu retração em fevereiro de 2025, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal Regional, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os destaques negativos estão Bahia e Ceará, ambos sob gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), que apresentaram as maiores quedas no período.
A Bahia, governada por Jerônimo Rodrigues (PT), registrou um recuo de 2,6%, o pior desempenho entre os 15 estados pesquisados. Em seguida, aparece o Ceará, sob comando de Elmano de Freitas (PT), com queda de 1,0%.
Esses resultados reforçam a tendência de desaceleração observada nacionalmente. Na semana anterior, o IBGE já havia reportado uma queda de 0,1% na produção industrial brasileira em relação a janeiro. A região Nordeste, embora tenha registrado alta de 0,5% no total agregado, sofre impactos importantes em seus principais polos industriais.
São Paulo tem forte impacto absoluto, mas Bahia preocupa
Embora São Paulo, responsável por quase 33% do parque industrial do país, tenha tido queda menor proporcionalmente (-0,8%), seu peso na economia o torna o principal fator de impacto negativo absoluto. No entanto, a Bahia aparece como segunda maior influenciadora na retração nacional, evidenciando sua importância estratégica no setor industrial brasileiro.
Outros estados também apresentaram variações negativas:
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Santa Catarina: -0,6%
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Mato Grosso: -0,6%
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Rio de Janeiro: -0,3%
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Minas Gerais: -0,2%
Juros altos freiam produção e investimentos
De acordo com o analista do IBGE, Bernardo Almeida, a atual política monetária, com juros básicos (Selic) a 14,25% ao ano, tem gerado efeitos colaterais sobre a indústria. “O custo elevado do crédito inibe os investimentos, limita o consumo e força o setor produtivo a ser mais conservador”, explicou.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também já havia alertado para o impacto da Selic elevada, indicando que o ritmo de produção e geração de empregos pode ser comprometido se a política monetária não for ajustada ao longo do ano.
Destaques positivos em estados do Sul e Norte
Na contramão da retração, Pernambuco, sob gestão de Raquel Lyra (PSDB), foi o destaque positivo com crescimento de 6,5% na produção industrial. O Paraná (governado por Ratinho Junior, do PSD) também se destacou com +2,0%, seguido por:
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Pará: +1,6%
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Espírito Santo: +1,1%
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Amazonas: +0,9%
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Rio Grande do Sul: +0,5%
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Goiás: +0,2%
Apesar dessas altas pontuais, a confiança do setor industrial ainda segue moderada, segundo o último boletim da Fundação Getulio Vargas (FGV). As empresas demonstram cautela diante de um cenário com inflação persistente, pressões cambiais e desaceleração da demanda interna.
Crescimento desigual nos últimos 12 meses
No acumulado de 12 meses, o Brasil ainda apresenta um avanço de 2,6% na produção industrial. Quinze dos dezoito estados analisados tiveram crescimento no período. São Paulo e Santa Catarina puxaram a alta, enquanto Rio de Janeiro (-1,5%) e Espírito Santo (-4,2%) registraram os piores desempenhos acumulados.
Análise política e econômica
Embora os dados não vinculem diretamente os resultados industriais às gestões estaduais, a concentração de retrações em estados governados pelo PT levanta questionamentos políticos e econômicos. Especialistas apontam que, além do cenário macroeconômico nacional, políticas locais de incentivo à indústria, tributação e infraestrutura também influenciam os números.
A tendência de desaceleração preocupa, especialmente em regiões com grande volume de empregos industriais, como o Nordeste. Economistas defendem reformas estruturais e incentivos ao setor produtivo como caminhos para reverter o cenário nos próximos meses.