André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS, é alvo de investigação por suposto recebimento de valores por meio do escritório de advocacia de seu filho, relacionados a fraudes em descontos de aposentados
A Polícia Federal (PF) identificou repasses que totalizam R$ 5,1 milhões de empresas ligadas a entidades suspeitas de aplicar descontos indevidos em aposentadorias para firmas associadas a André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A suspeita é de que Fidelis teria recebido esses valores por meio do escritório de advocacia de seu filho, Eric Douglas, conforme representação encaminhada à Justiça.
De acordo com a PF, o escritório Eric Fidelis Sociedade Individual de Advocacia recebeu aproximadamente R$ 3,7 milhões, enquanto Eric Douglas Martins Fidelis teria recebido R$ 1,4 milhão de empresas intermediárias relacionadas às entidades associativas. Parte desses repasses teria origem em empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como lobista de entidades investigadas por descontos irregulares.
Além disso, a advogada Cecilia Rodrigues Mota teria transferido R$ 520 mil para o escritório de Eric Fidelis entre novembro de 2023 e abril de 2024. Mota também é alvo de investigação por supostamente intermediar pagamentos de firmas ligadas a entidades para servidores do INSS.
André Fidelis foi exonerado do cargo em julho de 2024, após denúncias sobre a “farra dos descontos” em aposentadorias. Durante sua gestão, ele era responsável por assinar termos de cooperação técnica com associações e sindicatos, permitindo que essas entidades oferecessem serviços como planos de saúde e seguros em troca de descontos nos benefícios de aposentados. Investigações revelaram que, entre 2023 e 2024, 29 entidades receberam mais de R$ 2 bilhões em descontos de aposentadorias, com faturamento mensal saltando de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões.
Mesmo diante das denúncias, Fidelis assinou pelo menos sete novos termos de cooperação com essas entidades em 2024. Algumas dessas associações eram ligadas a empresários donos de empresas de seguros e planos de saúde, e houve casos de associações que não possuíam estrutura física adequada quando obtiveram autorização para efetuar os descontos.
Em nota, Fidelis afirmou que todos os termos de cooperação firmados por ele foram devidamente instruídos pela equipe técnica da Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (Dirben), de acordo com as normas e com a aprovação prévia da Procuradoria Federal Especializada (PFE). Ele também declarou que apoia integralmente todas as investigações conduzidas pelos órgãos de controle.
As investigações continuam em andamento, com a PF apurando o envolvimento de servidores públicos e a extensão do esquema de fraudes em descontos de aposentadorias.